O Acordo de Parceria entre Mercosul e União Europeia, concluído em dezembro de 2024, representa um marco histórico para o comércio internacional. Com a previsão de entrada em vigor em 2025, esse tratado promete redefinir o panorama logístico do Brasil, ampliando o fluxo de mercadorias e exigindo adaptações rápidas por parte das empresas e da infraestrutura do país.

Mas como esse acordo impacta estrategicamente o setor logístico? Quais desafios e oportunidades surgem para as empresas? Vou explorar, aqui, as principais mudanças e como as organizações podem se posicionar para obter vantagem competitiva nesse novo cenário.

Qual o status desse acordo?

O acordo teve suas negociações concluídas em dezembro de 2024 e agora avança para a fase de revisão legal e tradução dos textos.

A assinatura formal deve ocorrer em breve, seguida da ratificação pelos parlamentos dos países envolvidos. A previsão é que entre em vigor no mês seguinte à conclusão desses trâmites.

No entanto, desafios como a resistência de alguns países europeus, especialmente em relação a normas ambientais e ao setor agrícola, podem impactar o cronograma. Por exemplo, na França, há debates sobre o impacto do acordo no setor agrícola local, com pedidos por cláusulas mais rigorosas para garantir normas equivalentes entre os produtos comercializados.

Impacto na infraestrutura e na cadeia logística

A maior integração comercial entre os blocos trará um crescimento expressivo no volume de importações e exportações, colocando pressão sobre a infraestrutura logística brasileira. Para evitar gargalos, serão necessários investimentos em:

  • Modernização de portos, aeroportos e ferrovias, garantindo maior eficiência na movimentação de cargas;
  • Expansão e otimização das frotas de transporte, promovendo maior agilidade na distribuição de produtos;
  • Aprimoramento da gestão de estoques e armazéns, permitindo uma resposta rápida às demandas de um mercado mais dinâmico.

Empresas que se anteciparem a essas mudanças e investirem em infraestrutura estarão mais preparadas para capturar novas oportunidades de negócio.

Tecnologia e digitalização: o novo diferencial competitivo

A adoção de tecnologias avançadas será um fator determinante para a eficiência logística e a competitividade internacional. Algumas soluções fundamentais incluem:

  • Blockchain: garantindo rastreabilidade total das mercadorias, reduzindo burocracias e aumentando a segurança das transações comerciais;
  • Inteligência Artificial e Big Data: otimizando processos aduaneiros e prevendo demandas de mercado;
  • Automatização de armazéns e centros de distribuição: aumentando a produtividade e reduzindo custos operacionais.

Não preciso nem dizer que, investir em digitalização é essencial para reduzir riscos e garantir maior agilidade na cadeia de suprimentos. Certo?

Normas e padronização: um desafio a ser superado

A harmonização de normas entre Mercosul e União Europeia facilitará o fluxo comercial, mas também impõe desafios significativos para as empresas brasileiras. Será necessário atender a rigorosos padrões sanitários, fitossanitários e de certificação ambiental para garantir acesso ao mercado europeu.

Dessa forma, é fundamental que as empresas:

  • Realizem auditorias e adequações aos padrões internacionais;
  • Estabeleçam parcerias com fornecedores confiáveis e certificados;
  • Implementem programas de compliance e boas práticas de manufatura.

Sustentabilidade e logística verde: um caminho inevitável

A questão ambiental é um dos pontos mais sensíveis do acordo, com exigências rigorosas para garantir a sustentabilidade nas operações logísticas. Empresas que adotarem iniciativas sustentáveis tendem a ganhar vantagem competitiva e fortalecer sua imagem no mercado global.

Medidas que podem ser adotadas:

  • Descarbonização do transporte, com a adoção de combustíveis renováveis e veículos elétricos;
  • Otimização de rotas, reduzindo emissões de carbono e melhorando a eficiência operacional;
  • Compensação de carbono, por meio de programas de reflorestamento e créditos de carbono.

Oportunidades e vantagens competitivas

Apesar dos desafios, o Acordo de Parceria entre Mercosul e União Europeia abre um leque de oportunidades para empresas que se prepararem adequadamente:

  1. Expansão do mercado, com maior acesso a consumidores europeus;
  2. Eliminação de barreiras tarifárias, tornando produtos brasileiros mais competitivos;
  3. Fortalecimento dos hubs logísticos no Brasil, posicionando o país como um polo estratégico para o comércio internacional.

Empresas que investirem em infraestrutura, tecnologia e sustentabilidade estarão à frente na corrida por uma fatia desse novo mercado.

Conclusão: antecipe-se e prepare-se para o futuro

O Acordo entre Mercosul e União Europeia representa uma transformação profunda na logística internacional brasileira. Para aproveitar ao máximo as oportunidades e minimizar os desafios, é essencial que as empresas adotem estratégias proativas, investindo em digitalização, sustentabilidade e adaptação às novas normas regulatórias.

Ficar à frente dessas mudanças pode ser a chave para o sucesso no novo cenário global.

Quer receber mais insights sobre o futuro da logística? Assine minha newsletter e mantenha-se atualizado sobre as principais tendências e estratégias para o setor.